Através do reconhecimento e análise sequencial das camadas é possível fazer correlações que são essenciais na abordagem de todos os aspectos que caracterizam a História Geológica de cada local.
Há inúmeros factores que estão directamente ligados com este termo: a Paleontologia e Biostratigrafia que constituem elementos para que sejam identificadas idades relativas e que desenvolvem o conhecimento da Paleoecologia; a Sedimentologia que é responsável pela análise de fácies e ambientes sedimentares; a Geocronologia que distribui, ordena e faz relações espaço-temporais dos depósitos sedimentares, etc. Estes parâmetros fazem com que seja possível uma reconstituição de ambientes antigos (Paleogeografia).
As unidades utilizadas neste meio estão divididas:
Estratigráficas – materialização de conceitos conseguida através da observação e/ou dedução
Litostratigráficas – unidades observáveis, materiais, com significado geográfico restrito. São constituídas por conjuntos litológicos que se representam consoante uma trama. (ANEXO: trama.pdf)
Biostratigráficas – unidades observáveis, materiais, com grau de abstracção intermédio entre as lito e as cronoestratigráficas. Possuem um conteúdo fossílifero.
Cronostratigráficas – unidades objectivas, com expressão geográfica global. Rochas formadas em todo o mundo durante determinado intervalo de tempo.
Geocronológicas – unidades abstractas, com expressão geográfica mundial. Intervalo de tempo durante o qual se formaram determinados conjuntos líticos.
Estas unidades permitem a correlação, isto é, as relações entre diferentes cortes geológicos através das suas identidades líticas, biostratigráficas e cronostratigráficas.
Um geólogo tem, por isso, uma habilidade específica em trabalhar em 4 dimensões, pela percepção temporal do meio tridimensional.
Os Príncipios Fundamentais de Estratigrafia, fornecem-nos algum auxílio para a percepção da sequência de camadas em estudo:
Princípio do Actualismo – Baseado na frase “o Presente é a chave do Passado”, isto é, os fenómenos geológicos que existem actualmente podem explicar o que aconteceu no passado.
1. Ripples em praia actual 2. Ripples na rocha indicando antiga praia
Princípio da Sobreposição – Apresentado pela primeira vez por Steno, pode ser enunciado como “numa sucessão de estratos, os de baixo são mais antigos e os de cima mais recentes”. Esta aplicação não é só válida para as camadas que se encontram horizontalmente, mas também inclinadas, desde que a deformação de origem tectónica, posterior à deposição dos estratos, não tenha provocado a sua inversão.
Princípio da Inclusão – Se um fragmento de uma rocha A está contido numa rocha B, então a B é mais recente que a A. Ex.: conglomerados, brechas.
Princípio da Continuidade Lateral – Em diferentes pontos da Terra pode haver a mesma sequência de estratos. A correlação entre camadas é válida tendo a mesma datação, mesmo que falte um elemento.
Princípio da Identidade Paleontológica – Se dois estratos tiverem o mesmo conteúdo fossílifero, têm a mesma datação. Neste princípio a existência de espécies que tenham evoluído de forma relativamente rápida e com distribuição geográfica o mais ampla possível – fósseis característicos – ajudam na interpretação deste parâmetro.
Princípio da Intersecção – Toda a estrutura geológica que atravesse outra é mais recente do que a que é atravessada. Ex.: Falhas, filões, superfícies de erosão, batólitos ígneos.
Podemos então concluir que a Estratigrafia é essencial na reconstituição da História da Terra, seguindo as relações no espaço e no tempo dos conjuntos líticos e dos fenómenos neles existentes.
Bibliografia:
- http://www.slideshare.net/catir/princpios-estratigrficos/ (Princípios Estratigráficos) (29.9.08)
- ROCHA, P. (2006) – Geologia 12 – Areal editores.
- http://moodle.fct.unl.pt/mod/resource/view.php?id=93674 (EstPal_0809: Princípios fundamentais da Estratigrafia) (29.9.08)
- http://moodle.fct.unl.pt/mod/resource/view.php?id=93669 (EstPal_0809: Aspectos gerais da Estratigrafia –João Pais UNL) (29.9.08)
- http://www.fgdc.gov/standards/projects/FGDC-standards-projects/geo-symbol/FGDC-GeolSymFinalDraft.pdf (Federal Geographic Data Comittee)(29.9.08)